Ao final da unidade II, esperamos que você seja capaz de:

COMUNICAÇÃO ASSERTIVA

ASSERTIVIDADE: O QUE SIGNIFICA?

Quantas informações diferentes sobre um mesmo assunto chegaram até você nos últimos dias? Nos últimos meses? Nos últimos anos?  Com quantas pessoas você travou discussões para defender um ponto de vista diferente do seu, cujo argumento apresentado pelo outro não se sustentava? Quantas informações você chegou a repassar para sua rede, sem antes confirmar a veracidade de cada uma delas? Como as pessoas que o cercam veem você?

Você pode responder com SIM ou NÃO, rapidamente, essas cinco questões:

  1. Geralmente, seus amigos o procuram para esclarecer dúvidas ou pedir informações?
    (   ) SIM    (  ) NÃO
  1. Você tem dificuldades de manter o autocontrole durante uma discussão em que as pessoas se posicionam de forma contrária ao que você acredita?
    (   ) SIM     (  ) NÃO
  1. Você só entra em uma discussão se dominar, minimamente, o assunto?
    (   ) SIM    (  ) NÃO
  1. Você consegue mediar conflitos?
    (   ) SIM      (  ) NÃO
  1. Você impõe limites?
    (   ) SIM (   ) NÃO

Se você respondeu SIM para todas essas questões, provavelmente, você tem várias habilidades que precisamos ter e/ou desenvolver para sermos pessoas assertivas. Mas o que seria ASSERTIVIDADE?

O conceito de assertividade, compreendido como uma subárea das habilidades sociais, envolve “a afirmação dos próprios direitos e a expressão de pensamentos, sentimentos e crenças de maneira direta, honesta, apropriada, de modo a não violar o direito das outras pessoas” (LANGE; JAKUBOWSKI, 1978). A assertividade é uma habilidade e um tipo de comportamento muito estudado na Psicologia e, por isso, pode ser desenvolvida. Inúmeras são as teorias propostas para comportamento assertivo, sendo que as mais clássicas estão datadas entre os anos 70 e 80 do século XX e, ainda hoje, norteiam a maior parte das pesquisas. Nessas definições clássicas, o comportamento assertivo seria a expressão de sentimentos de maneira socialmente adequada, preservando tanto os direitos do indivíduo que responde de maneira assertiva quanto os do interlocutor que se conecta a ele. Para facilitar, comunicação assertiva é aquela que ACERTA. É quando o emissor da mensagem consegue expressá-la de acordo com sua real intenção, real objetivo de maneira clara e coerente levando o interlocutor à compreensão correta de todo processo comunicativo, sem ruídos, sem falhas, sem compreensão equivocada. Como base nisso, a assertividade é uma habilidade, uma qualidade, que marca as pessoas que costumam ser claras, objetivas, empáticas e capazes de lidar com situações adversas de maneira equilibrada e sensata. Uma pessoa assertiva tende a ser mais confiante, expressa-se corretamente, respeita o ouvinte e as opiniões diversas. A comunicação positiva também é uma característica dos indivíduos assertivos e podemos mudar o nosso modelo mental para conseguirmos desenvolvê-la.

MINDSER DA COMUNICAÇÃO ASSERTIVA

Mindset, em tradução livre do inglês, significa mentalidade ou configuração da mente. Conceito que se popularizou bastante nos últimos anos nas áreas de gestão, psicologia, empreendedorismo e inovação, é uma habilidade mutável, ou seja, pode ser desenvolvida, dependendo da intencionalidade do sujeito, adaptando-se às ações e reações de cada pessoa em um dado contexto.

O mindset também é uma condição humana, um comportamento que vai determinar como nos posicionamos no mundo, direcionando nossos pensamentos e atitudes. Ele busca elencar os paradigmas que cada um de nós temos e que são capazes de construir a nossa mentalidade sobre um dado assunto, predeterminando e influenciando nas escolhas pessoais e profissionais.

Diante disso, será que é possível desenvolvermos um mindset para a Comunicação Assertiva?  Quais são as habilidades nas quais precisaríamos focar para fazermos com que a nossa comunicação e a forma como nos expressamos possam alcançar os objetivos necessários, sejam eles profissionais ou pessoais?

Antes de começarmos a discutir sobre o mindset da Comunicação Assertiva, vamos assistir a um vídeo? Ele é incrível e aponta alguns dos desafios que enfrentamos diariamente para nos comunicar de maneira assertiva.

INDICAÇÃO DE VÍDEO

Acesse o link:
BR>
https://www.ted.com/talks/
katherine_hampsten_how_
miscommunication_
happens_and_how_to_avoid_it/t
ranscript



*Não se esqueça de ativar as legendas do vídeo para Língua Portuguesa.

Ficou mais claro o que é assertividade, principalmente em um processo de comunicação? Se não, pode se tranquilizar, pois ainda vamos abordar mais sobre isso. Porém, antes, veja também esta charge no Nani:

Figura 4 – Ruídos na comunicação

Fonte: http://www.nanihumor.com/2013/05/ruidos-na-comunicacao.html

Por acaso esta charge fez com que você se lembrasse da expressão “falando grego”? Quantas vezes você já sentiu que estava dialogando e, durante uma conversa, a pessoa com quem estava estabelecendo interação não compreendeu aquilo que você gostaria de dizer? Ruídos durante o fluxo comunicacional são extremamente comuns, nós já sabemos disso, mas também podemos tornar a nossa comunicação mais clara e assertiva. Para isso, é preciso mudar o nosso modelo mental, mudar o nosso mindset, pois ele não deve ser fixo, uma vez que:

Acreditar que suas qualidades são imutáveis, cria necessidade constante de provar a si mesmo o seu valor. Se você possui apenas uma qualidade limitada de inteligência, determinada personalidade e certo caráter moral, nesse caso terá que provar a si mesmo que essas doses são saudáveis (DWECK, 2009, p. 38).

Então, mude o mindset para se tornar um comunicador assertivo.

  • Seja positivo e empático.
  • Tenha sede de conhecimento.
  • Seja honesto.
  • Busque informações em fontes confiáveis, antes de passá-las adiantes.
  • Não seja resistente a mudanças de opiniões. Vivemos em um mundo extremamente fluido, onde tudo muda o tempo todo.
  • Seja tolerante.
  • Acredite no seu potencial.

 

Como estamos falamos de mindset, precisamos entender quais são os comportamentos, pensamentos e atitudes que nos norteiam durante um fluxo comunicacional. Chegou a hora de falar sobre as skills! Vamos lá!

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Comunicar-se com êxito e assertividade exige gerenciamento inteligente das nossas emoções. Nossas emoções são super importantes em nossa vida, porém, se mal geridas, ou expressas de maneira instintiva, pouco consciente, podem comprometer nossa comunicação de qualidade. Sendo assim, mais do que nunca, precisamos gerenciar as nossas emoções e agir com inteligência em situações adversas. Agir e não reagir, porque, quando agimos, tornamo-nos os protagonistas da situação. Sendo assim, precisamos aprender a gerenciar nossas emoções e, na medida do possível, também auxiliar as pessoas a gerenciarem as próprias emoções, com empatia e respeito.

No livro Comunicação assertiva, a psicóloga Andrea Becker, especialista em autoconhecimento humano, ensina que “as emoções são reações fisiológicas, herdadas ao longo do desenvolvimento da espécie e, entre outras atividades, preparam o organismo para uma reação frente a determinadas situações do ambiente” (BECKER, 2021, p. 25). Ela ainda afirma que as emoções são classificadas de três formas: a primeira são as emoções primárias, a segunda são as emoções secundárias ou sociais e a terceira são as emoções de fundo, conforme demonstra o QUADRO 1.

SKILLS DA COMUNICAÇÃO ASSERTIVA

Muitas são as habilidades que devemos desenvolver para nos comunicarmos de maneira assertiva e, dentre elas, destacamos as hard skills (competências técnicas) e as soft skills (competências interpessoais). Durante muito tempo, a maioria das pessoas focaram no seu desenvolvimento técnico, aprimorando seus conhecimentos dentro de uma área de atuação. No entanto, com o passar dos anos, principalmente no final do século XX e início do século XXI, percebeu-se que, independentemente da profissão ou da forma como acontecem os relacionamentos na nossa vida pessoal, é fundamental desenvolver soft skills.

Essas habilidades interpessoais são tão importantes que fazem parte das competências necessárias para nos comunicarmos de maneira assertiva e, por isso, vamos focar, a partir de agora, nelas. Para Revindrhanath (2016, p. 21), as soft skills são “competências não técnicas, sempre associadas com a capacidade de uma pessoa se relacionar com os outros”, tais como inteligência emocional, resolução de problemas, persuasão, capacidade de mediar conflitos e influenciar pessoas, de dar e receber feedbacks, além da escuta ativa.

São essas as principais habilidades que devemos desenvolver no nosso dia a dia para comunicarmos de maneira assertiva, porém, neste momento, vamos focar em apenas três: a inteligência emocional, o feedback e a escuta ativa.

Quadro 3 – Classificação das emoções

EMOÇÕES PRIMÁRIAS EMOÇÕES DE FUNDO
São aquelas comuns a todos os indivíduos. Elas são universais, como a alegria, a tristeza, o nojo, a raiva, o medo, a coragem, a tristeza etc.
Relacionam-se aos estímulos internos, produzidos por processos físicos ou mentais. Dentre elas, podemos destacar a aflição, o cansaço, a ansiedade, a energia e outras mais.

Fonte: Adaptado de Becker (2021)

Compreender o que são e como são as emoções é fundamental, pois elas são inerentes a nossa existência. Além disso, conseguir administrar a forma como reagimos a cada uma delas (de maneira negativa ou positiva) é o segredo da inteligência emocional e da comunicação assertiva.

Nos últimos anos, a Inteligência Emocional (IE) vem sendo reconhecida como importante pilar para o sucesso, tanto na vida pessoal e profissional. Administrar as emoções é saber pensar, sentir, agir de forma inteligente e consciente, sem deixar que as emoções controlem sua vida e acumulem-se de forma a reproduzir ou criar traumas (BECKER, 2021, p. 27).

Logo, a inteligência emocional é a nossa capacidade de perceber essas emoções, conseguindo identificar o nosso próprio sentimento e o dos outros. Isso é fundamental durante o processo de comunicação, pois só assim conseguiremos estabelecer um fluxo que perpassa pelo diálogo, pelas discussões construtivas e não agressivas. Por isso, é fundamental entender o significado de cada emoção e como cada uma delas pode nos impactar, de maneira positiva e negativa. Inteligência emocional é conseguir reagir a todas essas emoções de maneira inteligente e coerente e, como se trata de uma habilidade, ela pode ser desenvolvida.

Ligue-se nos comportamentos necessários para que, diante das mais diversas situações e emoções, você possa agir de forma inteligente, sem perder o equilíbrio e a inteligência emocional.

  1. Confiança.
  2. Credibilidade
  3. Empatia
  4. Colaboração.
  5. Flexibilidade
  6. Autocontrole
  7. Firmeza
  8. Persistência.
  9. Tolerância.

 

Se conseguirmos exercitar e desenvolver cada uma dessas habilidades, certamente seremos mais prudentes e, consequentemente, faremos melhores escolhas, independentemente da situação na qual estejamos inseridos.

FEEDBACK

O processo de comunicação apresenta cinco elementos que se relacionam de forma bem dinâmica: alguém que emite uma informação, alguém que a recebe e interage com ela, a informação em si, o canal pelo qual ela está sendo transmitida e, por fim, o feedback, que é a resposta, para o emissor inicial, da pessoa que interagiu com a informação. Isso significa que a comunicação não é unilateral, ela não possui um sentido único, pelo contrário, é um processo circular e contínuo, que visa à emissão de uma mensagem e à obtenção de uma resposta em relação a ela. Essa resposta é, justamente, o feedback.

O feedback é uma das principais formas de aprendizagem e de avaliação da qualidade da mensagem transmitida. Inicialmente, ele pode parecer relativamente simples, mas é extremamente difícil de ser praticado, pois, como define Leme (2015), é uma ferramenta que avalia, mas, ao mesmo tempo, está isenta de julgamento. Para Leme (2015), o feedback é o repasse de uma informação precisa, sem o uso de adjetivos e/ou emoção. Isso faz da prática um desafio e tanto, visto que, na maioria das vezes, emitimos juízo de valor e/ou opinião pessoal, transformando-o em conselho, opinião, bronca, censura etc.

O feedback deve orientar, motivar, transformar, já que ele dará um direcionamento para quem o recebe, auxiliando a pessoa que está emitindo uma informação a perceber se ela foi recebida e interpretada da forma como ela gostaria ou se é necessário reformulá-la.

O feedback, que visa potencializar os resultados das interações e ações futuras, com base na avaliação das interações ou situações que ocorreram no passado, deve acontecer tanto em casos positivos quanto em casos negativos.

Agora, atente-se! Para dar ou receber feedback, contribuindo para a assertividade da comunicação, é necessário saber ouvir.

ESCUTA ATIVA

Na apresentação da nossa disciplina, ouvimos um áudio. Você se lembra dele? Apresentamos 14 sons diferentes. Você se lembra de quantos? Preciso que fale com sinceridade. Se a sua resposta foi algo diferente de 14, que tal voltar ao áudio? É sério! Para nos comunicarmos de maneira assertiva precisamos, necessariamente, desenvolver a nossa habilidade de ouvir. Ouvir com atenção.

Para Blachard, Olmstead e Lawrence (2013, p. 81), “escutar é mais do que esperar que outra pessoa acabe de falar. Quando escuta bem – retribuindo o que vê e ouve – constrói uma ponte para a compreensão e confiança”. E só confiamos de maneira genuína em quem é capaz de entender as nossas necessidades.

Escutar, de maneira ativa, é demonstrar que você se importa. Escutar ativamente é necessário na saúde ou em qualquer outra área onde exista interação entre pessoas. Na saúde especificamente, ouvir com atenção é fundamental para criar conexão e vínculo com os pacientes.

Seguem algumas dicas para demonstrar para o seu interlocutor que você está praticando a escuta ativa:

  1. Faça perguntas interessantes sobre o tema, a fim de mostrar que você gostaria de entender ainda mais as questões apontadas.
  2. Olho no olho! Não se esqueça disso. O contato visual é importantíssimo durante o diálogo.
  3. Use e abuse da comunicação não verbal. Na Unidade 1, elencamos alguns comportamentos que são muito positivos nessas ocasiões.
  4. Foco! Um dos principais segredos da comunicação assertiva é o foco. É preciso focar no ambiente, no contexto, na comunicação verbal e não verbal. Para isso, desacelere a mente e tente controlar o pensamento. A respiração é uma estratégia incrível para conseguirmos manter o foco.
  5. Elimine tudo aquilo que provoque distrações, como os aparelhos eletrônicos e redes sociais, por exemplo.

Lembre-se: na comunicação eficaz, falar não é a única competência importante. É preciso escutar. Envolver-se. Dar atenção. Perceber o que o outro sente. Até porque comunicar não é o que eu digo, falo ou demonstro e SIM o que o outro entende/compreende!

ORATÓRIA, EXPRESSIVIDADE, ARGUMENTAÇÃO E PERSUASÃO

Você conhece a bebê Alice?

Tempo para pensar! Não vale pesquisar no Google.

… … …

Lembrou? Se você começou o ano sem saber quem é a bebê Alice, vamos resolver isso agora. Assista ao vídeo!

INDICAÇÃO DE VÍDEO

https://www.youtube.com/
watch?v=jj4YFR215ko&t=6s

Owwnnn!!! “Espelança”!

O vídeo da bebê Alice – uma celebridade da Internet por pronunciar, aos dois anos, palavras difíceis de maneira correta, contracenando com a gigante Fernanda Montenegro, que dispensa apresentações, é a coisa mais fofa que você verá neste dia. Criado pela Agência África, uma das maiores e mais importantes agências de publicidade do Brasil, a campanha “2022 é feito com você” emociona, sensibiliza, comove, conecta, instiga emoções positivas e, principalmente, comunica-se de maneira assertiva. Por que será?           

Os profissionais da publicidade, da comunicação e do marketing, com certeza, utilizam técnicas extremamente sofisticadas para conectar as pessoas. O uso do discurso emotivo é uma forte estratégia para aflorar a emoção humana e engajá-las em torno de uma mensagem, mas, ao lado dele, está a oratória, a expressividade, a argumentação e a persuasão. Tudo isso pode ser caracterizado como propriedades da linguagem, que são colocadas em prática ao longo da nossa vida.

A oratória, a expressividade, a argumentação e, consequentemente, a persuasão do discurso da Alice e da Fernanda são inquestionáveis e constituem a verdadeira arte da retórica, palavra cuja raiz é apresentada na obra de Aristóteles, a Arte da Retórica.  

Entendamos por Retórica a capacidade de descobrir o que é adequado a cada caso com o fim de persuadir. Esta não é seguramente a função de nenhuma outra arte; pois cada uma das outras apenas é instrutiva e persuasiva nas áreas da sua competência; como, por exemplo, a medicina sobre a saúde e a doença, a geometria sobre as variações que afetam as grandezas, e a aritmética sobre os números; o mesmo se passando com todas as outras artes e ciências. Mas a retórica parece ter assim por dizer a faculdade de descobrir os meios de persuasão sobre qualquer questão dada. (…) Das prova da persuasão, umas são próprias da arte retórica e outras não (ARISTÓTELES, 2005, p. 95-96).

A retórica, então, é uma arte de persuasão através da palavra, mas Aristóteles também aponta que a retórica é uma técnica que aprendemos para defendermos nossas ideias, com bom uso argumentativo, a fim de persuadir nossos interlocutores. A comunicação verbal e a não verbal são partes fundamentais na construção de qualquer processo discursivo, proporcionando a potência necessária nos mais diferentes processos discursivos. Se uma das principais funções da retórica convencer, torna-se evidente que saber falar em público é importantíssimo e saber falar em público, em uma única palavra, chama-se oratória.

A oratória é uma técnica que ganhou destaque lá na civilização grega, a partir de 800 a.C. Os gregos eram amantes da palavra, da linguagem e da eloquência. No entanto, foi com o advento da democracia, também na Grécia, através da criação da cidade de Atenas, em 508 a.C, que ela se tornou protagonista. Com o novo sistema político, que pretendia colocar fim, de uma vez por todas, na tirania, o povo (com exceção das mulheres, escravos e forasteiros) passou a se reunir em assembleia geral para tratar e decidir sobre as principais decisões que iriam impactar e reger as cidades.

O orador, então, torna-se a personagem principal dentro desse processo, uma vez que era um comunicador responsável por argumentar, defender e apresentar pontos de vista, a fim de persuadir. E, de lá para cá, a sua importância só ampliou. Em meio ao bombardeio de informações que nos impactam diariamente, conseguir se destacar, convencer, encantar e participar do processo decisório – seja na sociedade, no ambiente de trabalho, nas relações entre amigos e familiares – é uma habilidade necessária que, além da oratória, perpassa pela argumentação e pela persuasão.

Um bom argumento persuasivo quebra a invisibilidade do discurso, em meio a tantos outros, muitas vezes, similares no mundo contemporâneo. Ele motiva o público em torno de uma ideia, atuando como um indutor de mudanças de atitude, valores e comportamentos.  Argumentos consistentes são capazes de mudar vidas, culturas e civilizações. Vários experimentos sociais são desenhados com essa premissa, como o realizado pela Lipton chamado “Awake: Você ajudaria?” Esse vídeo tem o intuito de demonstrar que em geral as pessoas não estão atentas ao que as rodeia. Nesse experimento, em especial, a empresa conseguiu demonstrar a falta de congruência entre o que falamos e o que fazemos (já falamos sobre congruência na Unidade 1, se lembra?), além de nos comover a pensarmos e agirmos diferentes. Nos impulsionar a sermos melhores!

INDICAÇÃO DE VÍDEO

Acesse o link:

https://www.youtube.com/
watch?v=L5RCYvcXRrk&t=2s

Além de um bom argumento persuasivo e de uma boa oratória, o experimento social também contou com a força da expressão, imbatível na comunicação assertiva. Expressar-se é se manifestar por meio de palavras e gestos. A expressão nos permite exteriorizar sentimentos ou ideias e, quando transcende a intimidade de cada um de nós, esse sentimento se converte em mensagens. Foi assim no experimento. Os participantes conseguiram, através dos elementos verbais, MAS PRINCIPALMENTE os não verbais (postura, posição de cabeça, movimento de cabeça, gestos, olhares) emitir uma informação, que foi assimilada por nós (a audiência do comercial) que nos leva à reflexão e à mudança de atitude.

Isso é incrível e mostra a potência desses elementos na comunicação assertiva.

Todavia, será que apenas isso é suficiente?

Para se criar um discurso eficiente, utilizando argumentos persuasivos e expressão correta, antes de tudo é preciso perguntar: eu sei com quem estou falando? É impossível se conectar verdadeiramente com alguém se não conseguimos responder, rapidamente, a essa pergunta.

Quando a agência África criou a campanha de fim de ano com a bebê Alice e a Fernanda Montenegro, ela sabia, exatamente, quem seriam os seus interlocutores e, por isso, a campanha viralizou. Alice e Fernanda falaram com todos nós, com argumentos extremamente persuasivos, em um momento que clama por transformação, esperança, autorresponsabilidade. Isso é o poder da comunicação assertiva.

Então, antes de sair por aí falando e se expressando de qualquer forma, lembre-se de conhecer o seu interlocutor, principalmente neste momento em que estamos vivenciando uma crise geracional muito latente. As gerações com quem convivemos hoje não se comunicam da mesma forma. Logo, se você não souber quem são e como se comportam em um processo comunicacional, provavelmente, sua mensagem não será decodificada da maneira desejada.

Figura 5 – Tirinha quadrinho dos anos 10

Fonte:https://www.linguee.com.br/ingles- portugues/traducao/fictional+character.html

Você conhece as diferenças de gerações dos nossos tempos? Se não, chegou a hora de aprender! Sabe por quê? Porque você só conseguirá se conectar com as pessoas se souber utilizar – além de todos os elementos que acabamos de elencar aqui – as ferramentas e os canais necessários para realizar a sua comunicação. Um dos principais centros de pesquisa de comunicação do mundo, o Pew Research Center, nos EUA, classifica as gerações atuais da seguinte maneira, de acordo com o QUADRO 2:

Quadro 4 

GERAÇÃO PERÍODO CARACTERÍSTICAS
Silenciosa
1928-1945
Marcada pelas crises econômicas de 1929, pelas grandes guerras e perdas profundas, ela busca uma nova forma de reescrever a vida. Os indivíduos pertencentes a essa geração são mais introspectivos, discretos, sensíveis, com vínculos familiares fortes e gostam da comunicação direta e presencial. Veículos como rádio e TV são de mais fácil adaptação para essa geração.
Baby Boomers
1946-1964
Geração que nasceu em meio a inúmeras crises. Nesse período, foram vivenciadas crises energéticas, grandes escândalos políticos, achatamento das empresas (fenômeno downsizing), surgimento da AIDS, desastres ambientais, queda da supremacia americana, dentre outras. Trata-se de uma geração mais informal, cética e autoconfiante. Adapta-se melhor às novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s). São indivíduos mais tolerantes e já não buscam tanta estabilidade no trabalho como os das gerações anteriores. Querem flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Millenials
1981-1996
Os Millenials já são impactados diretamente pelas TIC’s. Estão submersos em um número de informações extremamente grande e isso reflete na sua rotina, desde o nascimento. São pessoas multitarefas e estão sempre ocupadas. Dizem que a falta de tempo dos Millenials é um mecanismo de autodefesa para eles se protegerem das mazelas do mundo. São pessoas mais realistas, observadoras, empreendedoras, receptivas a mudanças e disruptivas. Uma parte dessa geração é nativa digital, ou seja, as inovações tecnológicas sempre fizeram parte das suas vidas e, por isso, esses indivíduos se apoiam nelas para qualquer tarefa simples do dia a dia. Têm dificuldade de concentração, são muito visuais, inseguros e buscam andar em bando.
Z
1997
A geração Z é hiper conectada, nativa digital e globalizada. São indivíduos que nasceram em uma época na qual valores consolidados começam a ser questionados e, por isso, acabam enfrentando muitos conflitos. São pessoas pragmáticas, que querem mudar o mundo. Possuem dificuldade de concentração, são multitarefas e imediatistas.

Fonte: Elaborado pela autora, 2023.

GLOSSÁRIO

O Dicionário da Língua Portuguesa define “disruptivas” como “Ato de romper, de interromper o curso natural de; ruptura, rompimento, fratura: disrupção de um processo”
Fonte: https://www.dicio.com.br/

Apesar de conseguirmos definir e estratificar todas essas gerações, vale lembrar que estamos falando de pessoas, subjetivas e diferentes. A caracterização é muito marcada por uma época, mas não podemos padronizar, de maneira unânime, o comportamento de todos aqueles que nasceram nesse ou naquele período, ou seja, cuidado com a linearidade do pensamento e dos paradigmas quando for se comunicar com múltiplas gerações e lembre-se: oratória, argumentação persuasiva e expressão são as chaves principais para o sucesso da comunicação assertiva. 

REFERÊNCIAS

  • ARISTÓTELES. A Retórica. São Paulo: Edipro, 2011.
  • BENATTI, Camila & BECKER, Andrea (Org). Comunicação Assertiva. O que você precisa saber para melhorar suas relações pessoais e profissionais. São Paulo: Literare books international ltda, 2021.
  • BLANCHARD, K., OLMSTEAD, C. e Lawrence, M. (2013). O modelo de confiança. O segredo para formar equipes fortes, motivadas e vencedoras. 1ª Ed. Lisboa, Gestão plus Edições, Berrand Editora, Lda. ISBN: 978-989-8115-9.5-9.
  • DWECK, Carol S. Mindset – A nova psicologia do sucesso. São Paulo: Objetiva, 2009.
  • LANGE, A.J., & Jakuboviski, P. (1978). Responsible assertive behavior Illinois: Research Press
  • RAVINDRANATH, S. (2016). Soft skills in project management: A Review. The IUP Jounal of soft skills, Vol.X, Número 4 (2016) 16.25.
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